quarta-feira, 5 de novembro de 2014

"Não é a criança que eu imaginava!"

    A experiência de ter um filho é algo ímpar na vida de uma família. Muitos são desejados e esperados, outros aparecem de surpresa mas não menos amados. A questão aqui é que ao se esperar um filho, sonhamos e temos várias expectativas com relação a ele (podemos até planejar a tão sonhada faculdade deste ser ainda informe no ventre materno), mas ao nos deparar com a criança/bebê real, muitas vezes nos frustramos.
    Basta algum tempo de vida para que este lindo ser se recuse a dormir! Para que as adaptações com a vida fora do útero não fiquem tão simples para todos. Mais algum tempo e  diante de alguém tão querido e importante (seu chefe, por exemplo), ela se recusa a uma expressão amigável. Se recusa a usar o cabelo da forma como você sempre sonhou, não quer as bailarinas ou a bola. Não gosta do suco que você pesquisou e fez com produtos orgânicos! A criança diz "Não!". Ela pergunta coisas difíceis de responder, rí de coisas bobas e faz as coisas bobas  ganharem vida! Ela escolhe a roupa sem combinar, adora ficar bem suja de tanto brincar e se recusa a tomar banho! O que fazer diante desse ser que imaginei tão diferente?
     Quando nasce uma criança, é saudável que ali se forme um sujeito. A oposição, a birra, tão natural na infância, para longe de ser um grave transtorno é a afirmação de que " Pai, mãe, somos pessoas diferentes!". Que bom! A criança não é só passiva, um robôzinho que segue ordens, é uma pessoa. É necessário que os cuidadores eduquem, coloquem limites, ensinem seus valores e sua cultura, mas que também permitam que ela pense e escolha por sí. Por mais que seja entre escolher a blusa amarela ou a de cor laranja, é saudável que a criança escolha o que lhe faz feliz. Não entenda um "não" como uma oposição a sua pessoa. Mas veja se a situação permite que você seja mais flexível. 
       Criar pessoas diferentes de nós pode ser desafiador, mas é respeitar a vida, respeitar a singularidade e o sujeito que se forma. Pense nisso.
     
 Elaine R.C. Romero
Psicóloga